terça-feira, 22 de abril de 2008

Rapidez na criação do parque

Moacir Cunha Neto
Editoria de Cidades - Diário da Manhã
18/04/2008


Depende do governador Alcides Rodrigues (PP) a criação do Parque Ecológico Serrinha. A área de preservação ambiental a ser implantada já recebeu o aval do prefeito Iris Rezende (PMDB). Agora, falta o governo do Estado doar a área ao município, para que o projeto, de autoria do vereador Rusembergue Barbosa (PRB), seja levado adiante. A discussão toma corpo. Tanto que, na tarde de ontem, o secretário de Articulação Política do governo, Roberto Balestra, recebeu comitiva para debater e apresentar a proposta. “Esse pode ser um dos maiores e mais belos parques ecológicos do Centro-Oeste”, sentenciou Balestra. Na ocasião, ele pediu que o projeto, que contempla a preservação ambiental, receba a atenção dos governos municipal e estadual, além da União, de onde viriam os recursos para efetivar a obra. Na terça-feira, 15, o prefeito Iris Rezende disse que é favorável à instalação do Parque Ecológico da Serrinha, ocasião em que recebeu o manifesto da criação da unidade de conservação ambiental da ONG Guerreiros da Natureza. “Muito bom, eu sou ‘parqueiro’. Falou em parque, é comigo mesmo.” Minutos mais tarde, durante a entrevista coletiva, o prefeito reforçou o apoio à iniciativa e afirmou que Goiânia já instalou outros parques, e que pretende chegar a dez dessas unidades. Segundo ele, a área da Serrinha pertence ao Estado, mas está disposto a procurar o governador e propor a troca por um dos imóveis da prefeitura. O prefeito afirmou, também, que há no momento bom entendimento entre o município e o governador, sendo que o clima político se apresenta favorável à negociação.Durante a reunião na tarde de ontem, Balestra mostrou-se sensível ao tema, tanto que pedirá agilidade na apresentação do projeto ao governador Alcides Rodrigues. Não definiu data para o resultado da apreciação do documento, mas garantiu que é do interesse do Estado de Goiás a criação do Parque da Serrinha. Pontuou ainda a preocupação do governo com a questão ambiental e ressaltou que a União deve ser convidada a participar, tendo em vista ser a detentora de recursos para a viabilidade do projeto. O vereador Rusembergue Barbosa disse que não existem estudos que comprovem ser viável o projeto. “Apesar disso, queremos preservar a única reserva de Cerrado existente no centro da Capital”, ressaltou. Para o presidente da Associação Amigos do Morro da Serrinha, João Paulo Antunes, é preciso olhar de perto a degradação do local. Tanto que enumera os principais temas a ser debatidos, como retirada de terra das encostas do morro, acúmulo de lixo na área e, mais grave, populares que, em caminhada pelas trilhas, contribuem para aumentar os danos ambientais na região. “Além disso, temos observado queimadas e retirada de lenha, num flagrante desrespeito ao bioma Cerrado”, lamentou. Na Câmara de Goiânia, a discussão aquece o plenário. Tanto que o vereador Rusembergue Barbosa convidou a ONG Guerreiros da Natureza a explicar aos parlamentares a importância do parque. Diretor de marketing da entidade, João Paulo Borges esclarece que a área abriga mais de 50 espécies vegetais do Cerrado, além de animais. “Conseguimos evitar a construção do Teleporto. Graças a Deus, as árvores não foram cortadas. O parque vai salvar o pouco de Cerrado que ainda existe na área urbana de Goiânia”, pondera. Os vereadores Euler Ivo e Amarildo Pereira fizeram discurso favorável à criação do parque. Ivo lembrou que, quando da discussão sobre o Teleporto, foi contra o projeto. “Minha idéia é transformar a Serrinha em um buquê de flores. Já sugeri que se plantem barrigudas, ipês e caraíbas, para manter a Serrinha bonita, florida e preservada.”

O PROJETO

O projeto em tramitação na Câmara Municipal prevê a implantação da área de preservação com 107.698m². O autor, Rusembergue Barbosa, diz que o objetivo principal é a preservação da área, que hoje abriga vândalos, além de estar em processo de degradação. “Queremos, acima de tudo, preservar a área e manter as espécies nativas do Cerrado”, sentenciou. O presidente da ONG Aece – Associação de Exploradores de Cavernas e Elevações (Guerreiros da Natureza) , Antônio Carlos Volpone, diz que, além das árvores típicas do Cerrado, já avistou gambás, ratos selvagens e dois tatus na Serrinha. “O mais incrível é a variedade de pássaros. Pelo menos cem espécies podem ser vistas.” Cobras também podem ser encontradas no local, como revelou Volpone.


MANIFESTO PELA CRIAÇÃO DO PARQUE ECOLÓGICO SERRINHA
“SALVE O MORRO SERRINHA”

Área de preservação permanente, que soma 107.698 m² (cento e sete mil, seiscentos e noventa e oito metros quadrados), localizada entre as Ruas 1.106, 1.108, 1.112 e a Avenida Serrinha, na divisa do Setor Pedro Ludovico com o Bairro Serrinha, o Morro Serrinha enfrenta um grave processo de degradação ambiental, que pode levar à sua extinção. Uma das últimas reservas do bioma cerrado, nativo e original, ainda presente na zona urbana de Goiânia, o Morro Serrinha conserva as suas características originais. Ele tem uma importância estratégica para a própria preservação do Cerrado. Naquela área verde rica em plantas nativas sobrevivem mais de 70 espécies dessa vegetação típica brasileira, que outrora cobria extensamente o Centro-Oeste, como jatobá-do-cerrado, ipê-do-cerrado, barbatimão, faveira, carobinha, araticum, murici, piqui, cagaita, jacarandá, bacupari, mangericão-do-campo e ipê-amarelo. O Morro Serrinha é um espaço-livre constante do plano original da cidade, arquitetada por Attilio Corrêa Lima, que se constitui numa das principais referências da história de Goiânia. É o ponto mais alto da área original da cidade, de onde, na década de 30, o fundador de Goiânia, Dr. Pedro Ludovico Teixeira, conforme os registros históricos e os relatos de seus próprios familiares, durante uma cavalgada se convenceu de que achara o espaço ideal para a instalação da nova capital do Estado de Goiás, depois de vislumbrar o magnífico horizonte. Destarte, defendemos a adoção imediata das providências necessárias ao resgate e à revitalização daquele importante pulmão verde, com o fim das agressões, depredações e demais ações nocivas aquele ecossistema. Conclamamos toda a sociedade, que se orgulha em viver numa cidade que se firma como capital verde do País e que também almeja tornar-se a capital brasileira com maior número de parques, a assinar este Manifesto e a promover manifestações e atos de mobilização pela criação naquela área do Parque Ecológico Serrinha, que irá assegurar a sua preservação ambiental e contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população.


Goiânia, aos 15 dias do mês de abril de 2.008.


* CÂMARA MUNICIPAL DE GOIÂNIA
* ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO MORRO SERRINHA
* ASSOCIAÇÃO GUERREIROS DA NATUREZA
* ACADEMIA GOIANIENSE DE LETRAS
* ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO PARQUE VACA BRAVA
* ASSOCIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
* ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO LAGO DAS ROSAS

2 comentários:

Anônimo disse...

João Paulo, meus parabéns pela criação da Associação e por todo desempenho no trabalho de proteção do Morro Serrinha. Com certeza vai ter todo o sucesso merecido.

Polyanna R. Menezes

Osmar Pires Martins Júnior disse...

Parabéns João Paulo e moradores da Serrinha pela criação da AMMS! Esta iniciativa cravou um marco na história ambiental da cidade.O patrimônio coletivo somente será respeitado se os moradores o protegerem diretamente. A elite econômica e política de Goiânia já demonstrou que é incapaz de faze-lo, pois o que faz é abusar do espaço urbano. Locupleta-se de lucros: antes, com os condomínios verticais (prédios de apartamentos que transformaram o St. Buento e Serrinha num "paliteiro"). E agora, com os condomínios horizontais, que degradam nossas nascentes e margens de mananciais. Este quadro pode ser revertido com iniciativas como a criação da AAMS.
Prof. Osmar Pires Martins Júnior