Este blog traz informações sobre o Morro da Serrinha e a luta de diversos setores sociais para a sua transformação em Parque Ecológico. Confira no site parte da história do morro até a atual luta para criar o parque e a polêmica localização da estátua de Pedro Ludovico.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Estátua de Pedro e Morro da Serrinha: problemas diferentes que se misturaram
Publicado no Clube de Notícias
Clube de Engenharia de Goiás
Junho de 2010, Ano XIV, nº 287
Estamos enfrentando dois casos distintos, mas que acabaram por se misturar: fazer uma excelente homenagem a Pedro Ludovico Teixeira e a preservação e transformação do Morro da Serrinha num parque ambiental. Autoridades políticas, organizações não-governamentais e associações, como a Associação dos Amigos do Morro da Serrinha, já cansaram de delatar e registrar, em vários tipos de comunicação, o estado avançado de degradação ambiental em que o Morro da Serrinha se encontra.
O morro é uma área pública destinada a ser um parque, de acordo com o plano original de Goiânia, de autoria do estimado urbanista Attilio Corrêa Lima. Segundo historiadores, o então governador do estado e fundador de Goiânia, Pedro Ludovico Teixeira, vislumbrou lá de cima, montado em seu cavalo, onde seria erguida a nova capital de Goiás. Atualmente, a área em questão é uma APP (área de proteção permanente) que deveria ser de propriedade do município de Goiânia, mas hoje possui muitos “donos”, sendo um deles o Estado de Goiás, o qual adquiriu “uma parte” do morro durante as negociações para a instalação sem sucesso do comentado Teleporto.
Hoje, o topo do morro sofre com as instalações de torres de telefonia e de um reservatório d’água, e seus arredores ultimamente só estão servindo para que parte da população local jogue seu lixo, retire parte do seu solo, provoquem queimadas, derrubem árvores e arbustos nativos do cerrado com a finalidade de fazer lenha, além de praticarem alguns delitos, como uso e venda de entorpecentes.
Além da péssima iluminação ao seu redor, o local se transformou num verdadeiro ponto sem total segurança para a população vizinha e para as pessoas que frequentemente se encontram ali para suas celebrações religiosas ou para esporádicas prática de esportes, como o montanhismo e mountain biking.
Portanto, é de fácil compreensão do por que tanto a família de Pedro Ludovico, quanto autoridades políticas, historiadores e ambientalistas refutam e não concordam com a decisão da secretária da AGEPEL, Linda Monteiro, em instalar o grandioso monumento em homenagem ao Pedro Ludovico Teixeira no Morro da Serrinha.
Para os familiares do ex-governador, políticos e historiadores, o morro, na situação em que se encontra hoje, não é nem de longe o local ideal para tamanha homenagem, onde ela certamente sofreria futuramente com descaso, abandono e depredações. Muitos defendem a construção de um memorial, assim como o que foi feito para JK em Brasília, ou que pelo menos a estátua seja alocada onde Pedro Ludovico comandou Goiás: a Praça Cívica, a qual leva o seu nome. Ou seja, num local onde a estátua pode ser mais bem vista e preservada.
Já os ambientalistas desejam que a Serrinha seja transformada em parque o mais rápido possível, que todas as construções humanas no local sejam retiradas do local e que seja feita a recuperação vegetal desse resquício de cerrado perdido em meio a uma área altamente urbanizada de Goiânia.
Mas com a decisão quase que irrevogável da inacessível secretária Linda Monteiro, a partir da qual já está até aberta a licitação para a construção do local para receber a estátua, toda a população de Goiânia se sente de certa forma impotente quanto à possibilidade de escolha de um local para o monumento. Onde exatamente vai ser colocada a estátua? Que tipo de estrutura será criado? Qual será o impacto ambiental? Vai ser mesmo criado um parque no morro? E qual será o tamanho desse parque? Vai ser justa a homenagem ao fundador da capital? Vale ressaltar que uma enquete realizada pelo jornal Diário da Manhã em janeiro de 2009 mostrou que 83% dos 47 leitores entrevistados preferem a instalação do monumento de Pedro Ludovico na Praça Cívica, e não no Morro da Serrinha.
Em suma, sou contra qualquer tipo de impacto ambiental que possa ser causado ao Morro da Serrinha e prezo pela rápida criação de um parque no local e retirada de todas as instalações prediais existentes. Quanto à estátua, defendo que seja colocada em um local bem visto, como a Praça Cívica, ou que seja criado um memorial para Pedro Ludovico em outro local, que não seja o morro, visto sua situação degradante atual.
João Paulo Antunes da Silva - Presidente da Associação dos Amigos do Morro da Serrinha, graduado em Ciências Biológicas (UEG), pós-graduado lato sensu em Perícia Ambiental (PUC-GO), professor de Educação Ambiental e de Ecologia e Meio Ambiente da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Praça Cívica vai receber a estátua de Pedro Ludovico
Adérito Schneider
da editoria do DMRevista
Diário da Manhã
Cidades, p. 7
16 de julho de 2010
Depois de 19 anos, finalmente será instalado na Praça Cívica o monumento “Resgate à memória”, que homenageia Pedro Ludovico Teixeira. A estátua do fundador de Goiânia montado a cavalo será fixada ao lado do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, de frente para o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás. A obra deve ser inaugurada em 24 de outubro deste ano, aniversário de 77 anos da Capital.
O projeto está em andamento desde 10 de junho de 1991, quando a artista Neuza Moraes encaminhou um ofício ao então secretário municipal de Cultura, José Mendonça Teles, propondo a criação da estátua. A construção foi aprovada pela prefeitura, mas ficou sem recursos para conclusão. Assim, a Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel) interveio, custeando o término do momumento.
O local de instalação da obra causou divergências entre representantes dos governos municipal e estadual e da classe artística. A Agepel chegou a abrir na terça-feira (13) o processo de licitação para construção da base da escultura, até então prevista para o morro da Serrinha. No entanto, após mobilização da classe artística e transferência do local para a Praça Cívica, a Agepel não informou se será mantido o mesmo processo licitatório.
A estátua tem sete metros de altura, três de comprimento e 1,8 de largura. A peça é banhada em bronze e pesa cerca de duas toneladas e meia. Atualmente, a obra está armazenada no depósito da empresa que fez seu revestimento em metal, em Piracicaba (SP), e deve ser transportada para Goiânia em até 20 dias. O valor total do projeto, que se estende por quase duas décadas, não foi informado pela Agepel.
Artigo de Opinião
Pedro Ludovico e seu cavalo.
Por Deolinda Taveira*
Neusa, sob encomenda da Prefeitura de Goiânia realizou a obra de sua vida, uma escultura eqüestre, representando Pedro Ludovico em seu cavalo no momento que buscava (teoricamente) área para construir a nova Capital. Da Prefeitura de Goiânia levou o maior calote, durante anos passou a vergonha de implorar por ajuda para terminar a obra e finalmente, o Governo do Estado, através da AGEPEL, após a morte da escultora assumiu a dívida com a fundição. Era um desejo dela que o bronze fosse de ótima qualidade. Paga a fundição e a obra pronta para voltar à Goiânia, a AGEPEL apresenta uma proposta de fazer a instalação da obra no morro do Serrinha – um paliteiro de antenas -, pois historicamente, foi nesse morro que Pedro Ludovico teve uma visão geral da área escolhida para instalar a nova Capital.
Depois de tantos anos de idas e vindas, ou melhor, de miséria para a autora da obra e de descaso com a própria obra, finalmente, uma luz no fim do túnel, a licitação para a feitura do pedestal e instalação da escultura, porte monumental, no morro do Serrinha. E eis que recomeçam os discursos dos contra e dos a favor, neste caso, nem estou contra e nem a favor, em especial que acredito que representar Pedro Ludovico a cavalo é desmerecer o homem contemporâneo, urbano até o ultimo fio de cabelo e o seu terno de linho branco, todo estiloso!
No inicio de 2009 , segundo os jornais locais, 3 mil pessoas se reuniram para um abraço no Serrinha e defendiam a implantação de um parque ecológico, e aparentemente, o maior impedimento era o fato da área pertencer ao Estado e não a Prefeitura. Não me recordo em que época li no DM, salvo engano, um artigo assinado por Osmar Pires, professor e primeiro e efetivo secretário de Meio Ambiente de Goiânia, defendendo a instalação de um parque naquela área e com destaque, a colocação da escultura de Neusa Moraes, até mesmo por que tanto a autora quanto o representado careciam das homenagens! Em 2010, um pastor, a despeito da origem “alienígena”, em seu favor há que se dizer que em várias ocasiões promoveu ações a favor do patrimônio cultural goianiense e em outras, como no caso da escultura do Bandeirantes o linchamento de símbolos, faz aprovar na Câmara Municipal, sem consulta popular, uma lei que obriga a instalação da escultura eqüestre de Pedro Ludovico na Praça Cívica.
Acredito que está faltando um pouco de bom senso nessa polêmica, pois como é possível, um defensor do patrimônio cultural goianiense, fazer votar uma Lei que obriga uma praça já saturada, que já não cumpre a função idealizada pelo autor do projeto Attílio Correa Lima e também pelo fundador da cidade Pedro Ludovico, que seria a função de centro cívico, a dar abrigo a mais um objeto estranho a mesma. E a pensar que a Praça Cívica é um bem cultural com tombamento federal, estadual e municipal. Ou será que o autor do projeto desconhece que a praça é totalmente ocupada, diariamente, como estacionamento? Não desempenha o papel de espaço de convivência e manifestações cívicas e nem é preciso recordar que já houve o primeiro erro, com a retirada do obelisco central, para fazer ali, a instalação do Monumento as Três Raças. E o segundo com a permissão para esse tipo de ocupação (estacionamento).
E como se não bastasse, agora vão colocar o cavalo lá? Uma escultura gigantesca, que precisa de espaço para ser vista e apreciada. Inserida no cantinho da Praça, bem defronte a uma das fontes que foram desativadas, por absoluta falta de manutenção, e que serve de dormitório a moradores de rua , quem vai ver? E quantos anos levará para a Prefeitura retirar o velho barracão do local? E as velhas árvores que com certeza serão mortas para deixar pastar o cavalo de bronze ?
É lamentável, do mesmo modo que a Rua 20 desapareceu na sua configuração original e a arquitetura modernista que vem sendo demolida sistematicamente, tida com sem valor, diante da imponência simplista da art déco goianiense. O que na verdade representa, em uma visão bem singela, que a estética do belo, que pautou a construção de Goiânia, deixou espaço para a ausência total de estética, de identidade. Observem a nova arquitetura local, onde foi parar o belo, os detalhes, as diferenças, a estética???
Mas uma vez, assistiremos estupefatos, sendo colocado o cavalo na Praça, a essa ausência de senso estético, que se vangloria de instalar “palitos luzidios ” em viadutos e que a mídia local, acrítica, adota como símbolo de modernidade, e nem preciso comentar da humilhação e a vergonha (diante de tanto provincianismo) de Pedro Ludovico, montado em seu cavalo, disputando o espaço e a visibilidade com um estacionamento de carros ou barracas natalinas, ou feiras.
Por que será que o Monumento do Ipiranga (SP) é tão espetacular? Por que, dentro outros motivos, pode ser visto em uma Praça aberta.
A Praça Cívica é do povo, é a Praça das manifestações cívicas.
Que Pedro Ludovico, do alto do Serrinha continue a apreciar a cidade que criou, e que veja como ela se perdeu, em engarrafamentos e se expandiu, muito mais do que sonhou, e aproveitando a sua presença no local, que seja realidade um Parque Ecológico temático. Goiânia não é mais só o centro – abandonado por sinal – mas, gigantesca, esparramada, derramada, viva. Vamos respeitar a obra de Neusa, que muito sofreu para realizá-la e a memória de um homem que estava além do seu tempo, um homem contemporâneo.
*Deolinda Taveira é Conservadora Restauradora de Bens Culturais e publica o blog “AMIGOS DOS MUSEUS “
http://amigosdemuseu.blogspot.com
Artigo de Opinião
A estátua de Pedro Ludovico
Por João Neder*
Diário da Manhã
14 de julho de 2010
Está se transformando em polêmica o lugar adequado para a colocação de estátua de Pedro Ludovico Teixeira, montado num corcel, como idealizado pela autora da escultura, sendo que a Agepel, quer colocar a estátua no morro da Serrinha, lugar que não tem chamativo turístico, como esclareceu o Bariani Ortêncio, do alto da sua indiscutível opinião, mas ofereceu a sugestão de que Pedro montado a cavalo seja colocado na frente do antigo Centro Administrativo, hoje Palácio Pedro Ludovico Teixeira, numa área que bem caberia o monumento, ligando o homenageado ao Palácio que leva seu nome, no dizer de Bariani, estaria “em casa”.
Do meu modo de ver, lá vai minha opinião, o monumento ao fundador de Goiânia deveria ser posto na confluência das avenidas Goiás e Anhanguera, no local onde está a Estátua do Bandeirante, porque nada tem a ver com Goiânia e, com Goiás, ao que se sabe, os tais bandeirantes aqui vieram para matar índios, estuprar índias, rapar ouro e esmeraldas das terras goianas, enquanto a homenagem que os goianos e todos os brasileiros que vivem em Goiás deverá ser vista diariamente, irradiando o idealismo, a honestidade e a firmeza de caráter de Pedro Ludovico que, a bem dizer, com a construção de Goiânia fez não apenas um cidade, mas tornou em pedra e cal, asfalto e coragem cívica, a Marcha Para o Oeste, para que os brasileiros não vivessem como os camarões na beira das praias e para integrar terras cultiváveis e os mananciais de água como os rios Araguaia e Tocantins fossem auxiliares do grande desenvolvimento de Goiás; abrindo para o Brasil e para o mundo as fontes termais de Caldas Novas, fazendo de Goiás, como disse o saudoso Adory Otoniel da Cunha, não apenas um Estado, mas uma nova fronteira humana.
Penso que pelo tamanho insignificante da minha opinião, o tal bandeirante armado de mosquetão, símbolo da violência e da força bruta contra os mais fracos, irá continuar olhando para o Oeste, sem nunca ter feito um arraial sequer, não podendo ser medido nem comparado ao cidadão Pedro Ludovico, o Construtor de Goiânia.
Em todo caso, se a ideia do Bariani Ortêncio for acatada, que se faça um acréscimo ao monumento, colocando na mão direita do Pedro Ludovico uma chibata, com três guisos na ponta, para espantar os malandros da política e, se for necessário, deitar a chibata no lombo dos corruptos.
*João Neder é jornalista, advogado criminalista, promotor de Justiça aposentado e escritor
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Significados possíveis da instalação do monumento eqüestre de Neusa Morais no Parque Serrinha
(Em e-mail enviada à AMMA, Agepel e à AAMS)
Em síntese, os prós e contras dos 2 locais mais citados são:
1) Praça Cívica:
- a favor: local urbanizado com estrutura pronta;
- contra: local saturado, sem capacidade de estacionamento, onde a estátua concorrerá com o Monumento das Três Raças;
2) Morro Serrinha:
- a favor: local historicamente adequado, de cota topográfica elevada, de onde Pedro Ludovico, cavalgando, escolheu o local para edificar a cidade;
- contra: impactos ambientais decorrentes da implantação da estátua e da visitação (tais impactos poderão ser mitigados e compensados com a implantação de um parque ecológico bem projetado e com a retirada das torres ali existentes).
SIGNIFICADOS POSSÍVEIS DA INSTALAÇÃO DO MONUMENTO EQÜESTRE DE NEUSA MORAIS NO PARQUE SERRINHA
O expoente escritor José Mendonça Teles, nas suas Crônicas & Outras Histórias, publicadas em 3 de dezembro de 2007, sob o título “O cavalo de Pedro Ludovico”, lançou o desafio aos homens públicos, verdadeiramente comprometidos com Goiânia: “já pensou um mirante, com turistas à vontade e o Pedrão lá em cima, montado à cavalo, olhando a cidade que ele carinhosamente construiu?”.
O expoente escritor nos propõe a instalação da monumental obra de Neusa Morais – a estátua eqüestre de Pedro Ludovico, cavalgando, vistoriando a área que escolheu para edificar a nova capital de Goiás no Morro Serrinha. Noutra crônica, escrita em 29 dezembro de 1996, afirmou: ”foi vistoriando as terras, montado a cavalo, na região da Serrinha, que Pedro Ludovico decidiu-se de que aqui seria a nova capital”.
Além dos aspectos históricos e culturais envolvidos, acrescento outros de natureza ambiental para reforçar a proposta lançada. O Morro Serrinha ocupa uma área de cento e oito mil metros quadrados, entre o Setor Pedro Ludovico e o Bairro Serrinha, próximo ao Setor Bueno, com um perímetro de um mil quatrocentos e cinqüenta metros. Nesta região da cidade há carência de espaços livres e, em especial, de áreas verdes, com desequilíbrio entre áreas construídas e não construídas, na qual prevalecem as primeiras, reduzindo a disponibilidade de espaços livres. As áreas públicas alienadas no entorno direto do Morro Serrinha somam seiscentos e oitenta e um mil metros quadrados, correspondendo a uma dilapidação de 20,5% do patrimônio público.
Somente no Setor Bueno foi privatizado um total de área pública de trezentos e cinqüenta e sete mil metros quadrados. O processo de alienação, parcelamento e edificação das áreas públicas da região é intenso e levou à formação de um passivo de um milhão e trinta e sete mil metros quadrados de áreas públicas desvirtuadas da sua função original, destinadas à proteção do meio ambiente, ao lazer e recreação, à educação, saúde e segurança publicas. Este processo está associado à impermeabilização do solo e à manifestação de episódios de enchentes causadores de prejuízos ao patrimônio público e particular, à saúde pública e à vida humana.
Apesar da elevada densidade demográfica da região, poucas são as Unidades de Conservação existentes com áreas expressivas, como o Jardim Botânico que possui uma área de quase um milhão de metros quadrados. Portanto, pode-se afirmar que se trata de uma região com um déficit de espaços públicos, comprometendo funções urbano-ambientais relevantes ao equilíbrio do meio urbano, de lazer e de recreação ao goianiense.
O Morro Serrinha se constitui hoje na única reserva de Cerrado dentro da área urbana de Goiânia. O Cerrado é o tipo predominante de formação vegetal na região central do País e que tem sido equivocadamente relegado a um segundo plano por sua fisionomia menos “exuberante” que as matas. Essa constatação aponta para a necessidade de preservação da vegetação daquele morro.
Do ponto de vista fisionômico, a vegetação da Serrinha é de “cerrado típico”, com dois estratos, um rasteiro e outro arbustivo-arbóreo, este formado por árvores de porte baixo. No aspecto florístico, levantamento feito pelo professor Heleno de Freitas, do Departamento de Botânica da UFG, registrou 71 espécies vegetais, como jatobá-do-cerrado, ipê-do-cerrado, barbatimão, faveira, carobinha. Esse número de espécies é próximo da média observada em áreas de Cerrado. Esse dado indica que, apesar do intenso nível de degradação sofrido, a área da Serrinha milagrosamente conserva as características ecológicas típicas dos ecossistemas nativos.
A proposta de José Mendonça Teles de instalação de um mirante com a estátua eqüestre de Pedro Ludovico, no contexto de instalação de um Parque Natural, apresentado pela presidente da Agepel, Linda Monteiro, com o apoio do presidente da Amma, Clarismino Junior, expressa, portanto, significados de homenagem ao criador Pedro Ludovico e sua obra, de reconhecimento à escultora Neusa Morais e de preservação de um patrimônio ambiental, histórico e cultural goianiense.
*Osmar Pires Martins Júnior, professor de Pós-Graduação na PUC-GO e no IPOG, biólogo, engenheiro agrônomo, mestre em Ecologia, doutorando em C. Ambientais, é membro - titular da cadeira 29 (patrono: Attílio Corrêa Lima) da Academia Goianiense de Letras.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Estátua de Pedro e o respeito à Câmara Municipal
Opinião, p. 05
06 de julho de 2010
Não é conveniente nem salutar ao Estado democrático de Direito a tentativa da senhora presidenta da Agepel, de atropelar e desrespeitar uma soberana, legítima e unânime decisão da Câmara Municipal de Goiânia, ao aprovar um projeto de lei de nossa autoria, pela instalação na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira (Praça Cívica) do monumento “Resgate à Memória”, esculpido pela artista plástica Neuza Moraes.
O órgão cultural do Estado não pode afrontar uma deliberação do município, a quem compete, por delegação constitucional, a atribuição de normatizar, disciplinar e fiscalizar o bem-estar público, o patrimônio histórico, as áreas de preservação permanente, os mananciais hídricos, a ocupação e uso do solo, a localização e o funcionamento de todo tipo de estabelecimento e empreendimento.
Portanto, a legalidade, a razão, o bom senso e o espírito democrático devem imperar no tocante a essa matéria. Esperamos que a presidenta da Agepel repense a sua posição. Afinal, numa decisão bem fundamentada, racional, consciente, legal e legítima, a Câmara Municipal definiu que a Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira (Praça Cívica) é o local onde deverá ser instalado o monumento.
Estão cobertos de razão, o jornalista Batista Custódio, editor-geral do Diário da Manhã, os escritores José Mendonça Teles e Ubirajara Galli, a ONG Guerreiros da Natureza e o Poder Legislativo de Goiânia. Lá é o lugar ideal para a colocação dessa obra genial – o segundo maior monumento individual do Brasil -, composta de estátua e cavalo, medindo 7 (sete) metros de altura por 3 (três) metros de cumprimento, 1,8 (um metro e oitenta centímetros) de largura e 2,5 (duas e meia) toneladas de peso, homenageando o médico, interventor, governador e fundador, Dr. Pedro Ludovico (23 de outubro de 1891 - 15 de agosto de 1979).
Aquela praça é a principal referência da cidade. Os moradores e turistas terão facilidade para visitar o monumento, que substituirá o anacrônico “barracão” (antiga construção onde funcionava o gabinete do prefeito). A escultura comporá um conjunto arquitetônico magnífico e sincronizado com os vizinhos, Palácio das Esmeraldas, prédios do antigo Fórum e Tribunal de Justiça, o Museu Zoroastro Artiaga (todos em estilo art déco), Monumento às Três Raças, Coreto, Relógio e Obelisque.
É inconveniente a sua instalação no Morro da Serrinha, que é uma área de preservação permanente, vítima do descaso, da incompetência, da omissão, da falta de consciência ecológica e de planejamento com foco na questão ambiental. O planejamento urbano da cidade foi realizado sem que houvesse um planejamento da drenagem urbana, da ocupação racional do solo e sem a destinação responsável dos espaços públicos.
O morro sofreu acentuada degradação e ação antrópica (fogo, retirada de árvores para instalação de obras e sua substituição por espécies invasoras), foi transformado em depósito de lixo e entulho, e está repleto de construções e ocupações irregulares. Muitas faixas do solo, inclusive, encontram-se flagrantemente expostas, sangradas e erodidas, em virtude da criminosa retirada de vegetação.
Predominam no Morro da Serrinha, solo do tipo neossolo litólico, nas partes mais acidentadas, e cambissolos nas áreas mais planas, tanto no topo quanto na base. Há grande quantidade de afloramentos rochosos com predominância de quartzitos. Essa presença de solos rasos naquela área de relevo contribui para aumentar o escoamento superficial, tanto que após a ocorrência de precipitação, as ruas do entorno do morro ficam cobertas por sedimentos levados por ele.
Situado na divisa dos setores Pedro Ludovico e Serrinha, o Morro da Serrinha possui uma área de 12,31 hectares (120.310,00 metros quadrados). Apresenta altitude, no local mais elevado, de 891 metros. O seu topo é ocupado por torres e antenas, desde 1969. Lá existem uma repetidora da Embratel, reservatório da Saneago com capacidade para 10 mil metros cúbicos e uma estação de rádio da Oi (ex-Brasil Telecom).
É a única área em Goiânia que possui vegetação característica de Cerrado. Constitui-se na última reserva desse bioma em nossa capital. Apresenta flora característica com espécies nativas e originárias da fundação da cidade, como: jatobá do cerrado, mangaba, tiborna, pau santo e pau terra.
Pertence a uma unidade geomorfológica chamada de Planalto Embutido de Goiânia com forma convexa do gradiente das vertentes, assentando-se num maciço de rocha subjacente desse planalto, de onde emerge para alcançar a cota mais elevada da capital. Possui uma importância ambiental fundamental para Goiânia, por se tratar de área de recarga de aquífero.
Posiciona-se numa situação de interflúvio, divisor de águas entre as sub-bacias do Ribeirão Anicuns e o Córrego Santo Antônio, ambos tributários pela margem direita do Meia Ponte. Ele é responsável pela captação da água da chuva, permitindo que essa água penetre nas camadas mais profundas até se encontrar e abastecer o lençol freático e o aquífero. Essa recarga é responsável pelo abastecimento e manutenção das nascentes dos córregos daquela região, como o Córrego do Botafogo.
Estamos nos referindo ao mais significativo patrimônio histórico, cultural e ambiental de Goiânia que, porém, encontra-se em estado de total e irresponsável abandono. No plano original da cidade, o arquiteto-urbanista-paisagística, Attilio Correia Lima preconizava a conservação do Morro da Serrinha como um parque urbano, o que estamos pleiteando, mediante um projeto de lei de nossa autoria.
Conforme o Cartório de Registro de Imóveis de Goiânia, corroborado por depoimentos de familiares foi cavalgando pelo Morro da Serrinha, o ponto mais alto da área original da cidade, no princípio da década de 30, que o fundador, Dr. Pedro Ludovico Teixeira, visualizando empolgado aquele esplendoroso horizonte, convenceu-se de que encontrara o lugar ideal para a instalação da nova capital de Goiás.
A transformação do Morro da Serrinha em unidade de conservação e preservação ambiental (parque urbano), que proporcione a recomposição de sua vegetação com espécies nativas do Cerrado, vai de encontro ao resgate da memória histórica da cidade, aos anseios maiores da população e ao conceito de sustentabilidade.
Rusembergue Barbosa é presidente do Conselho de Ética da Câmara Municipal e presidente do PRB de Goiânia.(rusemberguebarbosa@gmail.com)
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Estátua de Pedro X vandalismo, lixo, sua história e o consenso da Câmara
03 de julho de 2010
Página 10
Em matéria exibida no dia 29 de junho, último, no editorial Cidades do jornal Diário da Manha sobre a decisão por parte da Agência Goiana de Cultura (Agepel) presidida por Linda Monteiro, em instalar uma estátua em homenagem ao interventor de Goiás e fundador de Goiânia Pedro Ludovico Teixeira no Morro da Serrinha, região Sul da cidade, não agrada somente aos familiares e ambientalistas, mas também à aqueles que defendem tanto a preservação escrita quanto material de um dos grandes personagem da história goiana, Pedro Ludovico, que fez história, como fez JK, no planalto central.
Me surpreende e muito ver a decisão de Linda Monteiro em escolher o Morro da Serrinha para abrigar a estátua de Pedro Ludovico, visto que, o mesmo pouco deve, ou nada deve nenhum tipo de relação diretamente com o Morro a não ser o setor que leva o seu nome nas proximidades. Por que não abrigar a estátua na sua praça, (Praça Pedro Ludovico, mais conhecida como Praça Cívica) perto de sua casa localizada na avenida de sua esposa (Gercina Borges Teixeira), perto de seus prédios (Palácio das
Esmeraldas, Palácios das Campinas), no palácio sede do governo estadual que tem o seu nome ou no mais provável no seu reduto, o Centro de Goiânia. Será de interesse público a criação de outra estátua sendo que na entrada do Palácio das Esmeraldas já tem uma?
É, parece que a presidente da Agepel Linda Monteiro, não tem conhecimento desta estátua bem como onde atuou, construiu, edificou e morou e Pedro Ludovico. Parece também que não é de conhecimento de Linda Monteiro o grave problema que o Morro da Serrinha vem passando com o vandalismo, lixo, queimadas criminosas, ponto de uso e tráfico de drogas denunciado aqui no Diário da Manha por diversas vezes.
Caso a estátua venha ser construída no Morro da Serrinha, não indicarei e a verei como ponto turístico, pois sei que ali não é o local ideal para abrigar um monumento a altura para uma grande pessoa. No mais é parabenizar a Câmara Municipal de Goiânia que aprovou um projeto de lei que determina a instalação da estátua no Centro de Goiânia, assim faça a vontade do prefeito Paulo Garcia – PT, e com certeza da grande parcela da população goiana.
Ademário Neto é professor de Geografia e pós-graduando em História Cultural pela UFG. (Twitter.com/Ademárioneto Neto.ademario@gmail.com)
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Estátua de Pedro Ludovico será instalada no Morro da Serrinha
Agepel escolhe Morro da Serrinha para abrigar monumento. Familiares do político goiano discordam do local e defendem criação de um memorial.
Frederico Oliveira
DA EDITORIA DE CIDADES
Diário da Manhã
29/06/10, p. 2
A decisão por parte da Agência Goiana de Cultura (Agepel) de criar uma estátua de Pedro Ludovico Teixeira no Morro da Serrinha é duramente criticada pelos próprios familiares do fundador de Goiânia e por ambientalistas. O órgão vai abrir licitação para construção do monumento no dia 13 de julho. Segundo os parentes do ex-governador, o local escolhido não seria o ideal para abrigar a homenagem.
De acordo com Onofre Dulce Ludovico Teixeira, neto de Pedro Ludovico, seria mais coerente com a própria história de Goiânia e de Goiás a instalação da estátua no terreno ocupado pelo antigo Palácio das Campinas, onde atualmente funciona um setor da Secretaria de Finanças do Município. Segundo ele, foi no Centro da cidade que Ludovico passou boa parte de sua vida em Goiânia. “Sou favorável à criação de um memorial técnico sobre a vida pública do meu avô nos moldes do que existe hoje em Brasília, em homenagem a JK. Acho que Goiânia carece de um memorial de seu fundador”, diz.
Em nota, a nora de Mauro Borges declara que a instalação da estátua de Pedro Ludovico sobre uma rampa na Serrinha junto às torres de telecomunicações existentes no local não preservará a história de Goiânia. “Que gastem com um memorial sobre a mudança da Capital, edificando-a na Praça Pedro Ludovico, a estátua ao lado, junto aos prédios cuja construção ele pessoalmente fiscalizou. Esta é a obra que merecem os pioneiros”, afirma.
Conhecido como “o visionário do Brasil Central”, Pedro Ludovico participou diretamente da mudança da capital da Cidade de Goiás para Goiânia, em 1937. Só que essa história não é lembrada por todos. De acordo com o escritor e historiador Ubirajara Galli, muitos goianos não sabem quem foi o interventor de Goiás que dá nome ao local conhecido como Praça Cívica. “O lugar chama-se Praça Pedro Ludovico Teixeira. Assim como a Praça do Bandeirante é na verdade Praça Atílio Correia Lima, em lembrança ao arquiteto responsável pelo plano piloto urbanístico da nova sede estadual em 1933”, afirma.
Outro aspecto que aguça ainda mais a polêmica acerca do local escolhido para instalação da estátua é a questão ambiental. A escolha da Serrinha foi da presidente da Agepel, Linda Monteiro. A ideia desagrada ambientalistas, já que a princípio, o morro deveria ser uma área de preservação, e já se encontra ocupado por construções, antenas e torres de transmissões. O ambientalista Antônio Carlos Volpone, presidente da Associação dos Exploradores de Cavernas e Elevações (Aece) e da ONG Guerreiros da Natureza, diz que a entidade é radicalmente contra qualquer atividade humana na Serrinha e por isso não concorda com a instalação da estátua de Pedro Ludovico no local. “A homenagem é justa, mas lutamos demais contra a instalação do projeto do heliporto e não podemos admitir a colocação de nada que possa prejudicar o ambiente”.
Volpone lembra que os Guerreiros da Natureza, em parceria com professores da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e outras entidades reuniram mais de mil pessoas para dar um abraço simbólico na Serrinha. “Na época da discussão sobre o heliporto, plantamos árvores do Cerrado, que estão crescendo. Espécies como jatobá-do-cerrado, ipê-do-cerrado, barbatimão, faveira e carobinha são encontradas na área verde”. A reportagem do Diário da Manhã tentou entrar em contato com Linda Monteiro, mas a assessoria de imprensa declarou que ela não poderá falar até o final do processo licitatório. Seus assessores também afirmaram que em outra oportunidade, ela e o próprio governador Alcides Rodrigues vão se manisfestar em conjunto sobre o assunto.
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Comentário de Maria Dulce Loyola Teixeira, nora de Mauro Borges:
Sou nora de Mauro Borges, e rescentemente tivemos conhecimento do local em que seria instalada a estátua de Pedro. A família já havia demonstrado aos vários governos que passaram o desejo unânime de que a estátua seja colocada na Praça Pedro Ludovico. Aliás, esta homenagem está muito aquém da obra realizada por Pedro e seus auxiliares. Em Brasília há tempos se edificou um Memorial para JK, de primeiríssima qualidade, c/ a estátua imensa de JK. Jk escreveu a Pedro que Goiânia foi essencial para a mudança da Capital do Brasil para o Centro oeste. Ele já tem seu Memorial. E o de Goiânia? onde estão documentos, a mem'ria técnica da cidade? A questão é: a simples instalação da estátua, isolada lá em cima do morro, longe do Centro historico, significa cassar definitivamente Pedro Ludovico da historia de Goiânia. Já se passaram 31 anos que se idealizou a estátua, passaram vários governos, é preciso parar essa ânsia de fazer por fazer, sem estudar o conjunto da obra, que é a edificação de um Memorial (semelhante ao de JK) na Praça Pedro Ludovico c/ a estátua ao seu lado. Um projeto estudado, bem feito, sem esse atropelo. Um gasto enorme sem fazer com que se perpetue a historia da mudança. Definitivamente o local é a Praça Pedro Ludovico.
Maria Dulce
Postado por Maria Dulce Loyola Teixeira no blog Associação dos Amigos do Morro da Serrinha em 25 de junho de 2010 13:26
terça-feira, 22 de junho de 2010
Morro Serrinha e o câncer do descaso
22/06/2010
Página 18
O atual estado de cruel abandono que caracteriza a situação vergonhosa predominante no Morro Serrinha, como bem ressalta o vereador Negro Jobs em recente artigo de opinião publicado no Diário da Manhã, é emblemático de uma enfermidade crônica chamada descaso.
É impressionante observarmos o quanto foi desprezado, ao longo das sucessivas administrações, o valioso plano original de Goiânia, concebido pelo arquiteto-urbanista-paisagista Attilio Corrêa Lima. Uma de suas preocupações centrais estava relacionada à necessidade de vigilância contra a devastação de áreas verdes, que qualificava de “exuberante riqueza patrimonial da nova capital”.
As reservas de oxigênio da cidade, porém, ao longo dos 76 anos de sua trajetória, foram sendo devastadas, contrariando todas as recomendações do “inventor” no Memorial Descritivo do Plano Original de Goiânia, entregue ao fundador Pedro Ludovico.
O Morro Serrinha é um caso típico da negação oficial às diretrizes do plano original, cujo autor também foi vítima de um conluio de interesses econômicos, que o forçou a desistir do projeto Goiânia. O arquiteto da cidade-jardim recomendou que aquele “museu vivo” do Cerrado fosse protegido.
O próprio fundador tinha uma estima muito especial por aquela área. Pedro Ludovico tinha o costume de cavalgar por aquelas terras. Inclusive, segundo diversos historiadores, como José Mendonça Teles e Ubirajara Galli, foi cavalgando por aquelas bandas que ele, sob efeito de uma visão deslumbrante e paradisíaca, decidiu pela escolha do local onde seria instalada a nova capital. O seu filho, ex-governador e estadista Mauro Borges confirma.
No entanto, aquela que é uma das últimas reservas do cerrado ainda existente em Goiânia e que apresenta flora característica com espécies nativas e originárias da época da fundação da cidade, sofre um brutal processo de degradação.
O descaso criou um ambiente favorável às ocupações irregulares, depósito de lixo e entulho, retirada irregular de terra, queima e destruição de árvores. A fauna foi extinta e a flora ainda tenta desesperadamente resistir. Até quando as autoridades competentes manterão os seus olhos vendados diante da morte lenta e implacável do Morro Serrinha?
Há alguns anos, o Ministério Público conseguiu barrar a insensatez do Estado, proprietário da área, que totaliza 97.354,58 metros quadrados, segundo o Cartório de Registro de Imóveis da 1ª Circunscrição, o qual pretendia instalar um Teleporto no local. A cidade deseja e merece ter um centro avançado de telecomunicação. Seria irracional, porém, destruir uma área histórica de preservação permanente para instalar uma estrutura desse porte, que pode perfeitamente ser erguida em outro local de Goiânia.
O Córrego Serrinha, cujas nascentes estão situadas próximo ao morro, enfrenta gravíssimos problemas, como desmatamento da mata ciliar, lançamento de lixo, entulho e esgoto.
O descaso diante da supressão das áreas verdes originais, também atinge as nossas raízes arquitetônicas, alicerçadas no art déco, e o patrimônio histórico de Goiânia. A supremacia do interesse imobiliário derruba casarões e edifícios históricos, aniquilando a memória da cidade.
A Centenária Árvore Moreira, um dos monumentos históricos mais importantes de Goiás, primeiro “Palácio” de governo da cidade, cuja sombra foi usada por Pedro Ludovico como escritório – mesmo tendo sido tombada pelo patrimônio histórico, dá os seus últimos suspiros, esmagada pelas botas do descaso. O proprietário do imóvel, na Rua 24, demoliu todas as construções para transformar o local num estacionamento.
O mesmo mal relega a um cenário que agride a consciência de todos os goianos, o monumento “Resgate à Memória”, que apresenta Pedro Ludovico montado num cavalo, em tamanho original. Essa epopeia do descaso até deveria constar no Livro dos Recordes.
A escultura, idealizada pela artista Neusa Moraes em 1983, por sugestão de José Mendonça Teles, para celebrar o centenário de nascimento do fundador de Goiânia (23.10.1891-16.08.1979), começou a ser fabricada em 1990. Sem apoio, a artista morreu, em 28 de fevereiro de 2004, aos 72 anos, deixando a obra semiacabada. O seu assistente, o escultor Júlio Valente, a concluiu. A escultura em gesso foi encaminhada à Fundiart, em Piracicaba, para o banho em bronze.
Há três anos, o monumento, que é o segundo maior do Brasil em seu estilo, está pronto, porém alojado nos fundos do galpão da funilaria, esperando que a doença do descaso encontre a cura.
Rusembergue Barbosa é vereador, presidente do Conselho de Ética da Câmara Municipal e presidente do PRB de Goiânia (rusemberguebarbosa@gmail.com)
Um elevador para o morro da Serrinha
18/06/2010
Página 11
Temos em Goiânia uma área ecológica maravilhosa no bairro Serrinha. Trata-se de um dos raros morros da cidade com exuberante mata nativa do Cerrado. Este espaço merece ação urgente do poder público, pois estamos perdendo tempo em criar ali um santuário ecológico e turístico. A Câmara Municipal de Goiânia tem sido ativa na defesa deste morro, pois diversos legisladores já se revelaram interessados em modificar a realidade do local.
Na semana passada, estive na área de 107.398 metros quadrados, de propriedade do Estado de Goiás, e imaginei como a criatividade e gestão administrativa competentes poderiam, de fato, ser instrumento para o turismo e meio ambiente.
Sabemos da existência da proposta do Teleporto, que projetou um centro de alta tecnologia nas imediações do local. Também conhecemos os impedimentos do Ministério Público, que enxerga nesta proposta mais uma agressão ambiental em desfavor do desenvolvimento sustentável. Precisamos colocar ponto final na ideia de centro tecnológico e voltar a pensar em um parque. O que não pode é o local permanecer intocado pelo poder público, sendo espaço livre de regras e fiscalização. O Governo de Goiás deve ter vergonha em manter um local abandonado e improdutivo, sem dar finalidade cidadã a um bem que é público por sua natureza.
Na quarta-feira, apresentamos como proposta mais adequada uma variação daquela defendida pela Associação Amigos do Morro da Serrinha e vereador Rusembergue Barbosa: a construção de um Centro Turístico no local, fator que vai, de imediato, valorizar o espaço, promover o meio ambiente, turismo para a Capital e preservar a área da depredação. E mais: inibir qualquer prática de violência no local. Afinal, a vocação daquele espaço é para parque.
Acreditamos que o Teleporto Parque Serrinha, da forma como foi apresentado, gerando discórdias, iria agravar ainda mais o problema do trânsito e ocupação do solo na área próxima. Em virtude disso, sugiro a criação de um simples parque, aos moldes do que a Prefeitura já vem inaugurando na cidade. Mas também propomos a construção de um elevador que deslocaria os visitantes da calçada até o topo do morro. Trata-se de inspiração no Elevador Lacerda, de Salvador, um dos principais pontos turísticos daquela cidade.
A Prefeitura poderia cobrar taxas simbólicas para uso deste elevador, criando, com estes recursos, um fundo de investimento para o meio ambiente. Em uma simulação que realizamos, em 3D, podemos vislumbrar a cena panorâmica maravilhosa que teremos com este elevador. Imagino para esta área uma concorrência inspirado na Lei 11.079, que institui as parcerias público-privadas. É possível instituirmos um parque, uma rede de restaurantes e o elevador. Além disso, aprovaríamos também um projeto de reflorestamento do parque com mata original do Cerrado. Não precisamos seguir apenas as regras da parceria público-privada, mas outras formas de concessão. É claro que as parcerias das PPP’s são ideais para este parque, mas a Prefeitura pode apresentar dotação diferenciada da norma e optar por outros mecanismos administrativos.
O morro pode e deve permanecer como espaço voltado para a adoração cristã. Mas também deve se tornar um espaço para a família e turista que deseja ter uma belíssima visão panorâmica da cidade. Tudo isso pode ser contemplado com a atuação da Prefeitura e dos empresários que enxergarem no local oportunidade de negócios. Nós, na Câmara, com certeza, desejamos discutir este assunto.
Negro Jobs é gari, vereador e artesão. (twitter/Garinegrojobs)
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Manifesto SOS Reservatório do João Leite
Ao Governo do Estado, às Prefeituras da Região Metropolitana de Goiânia e à sociedade.
É preciso alertar as autoridades competentes e despertar a sociedade acerca da gravidade que representam os riscos de contaminação da água que vai garantir o abastecimento de água da população na Região Metropolitana de Goiânia até 2025. São aproximadamente 3 milhões de pessoas que utilizarão a água do João Leite para beber.
Todos os esforços devem ser sistematicamente desenvolvidos, no sentido de que o governo do Estado assuma a sua responsabilidade e a população colabore, no sentido de assegurar a proteção máxima ao reservatório formado pela Barragem do Ribeirão João Leite.
Não se pode, em hipótese alguma, tolerar ou permitir qualquer tipo de uso da represa. A sua utilização para atividades recreativas de balneário, esportes náuticos, navegação, pesca ou qualquer outra finalidade estranha ao seu objetivo, que é fornecer água potável, seria o mesmo que condená-la à irremediável contaminação. E isso comprometeria seriamente a qualidade da água consumida pela população.
A situação atual do reservatório, que integra o Sistema Produtor de Água João Leite, é extremamente preocupante e exige providências imediatas, contundentes e enérgicas, que não podem mais ser postergadas. Afinal de contas, o reservatório já entrou em operação. Está abastecendo parte da população de Goiânia. Os riscos, portanto, estão bem presentes, claros e evidentes.
Em que pese a importância fundamental daquele complexo, praticamente inexiste uma fiscalização eficiente, tanto que foram flagrados recentemente no local, por uma equipe da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, comandada pelo titular, Delegado Luziano Severino de Carvalho, diversas fontes poluidoras, causadoras de degradação ambiental. Dentre elas podemos citar: pesca clandestina, gado bebendo água, banhistas, garrafas pet, lixo e muitas outras fontes poluidoras. Lamentavelmente, o tão temido uso indevido das águas do reservatório do Ribeirão João Leite já está sendo verificado.
Até hoje não foi instalado um alambrado, estabelecendo uma zona de proteção em torno do reservatório, para coibir e restringir a aproximação. Não há também um plano de contenção das cargas perigosas oriundas de veículos que trafegam pelas rodovias BR-060 e GO-080, nas proximidades da barragem do Ribeirão João Leite.
Medidas preventivas para evitar ocupações irregulares às margens e acidentes com veículos que transportam cargas perigosas, como combustíveis, defensivos agrícolas, substâncias tóxicas, produtos corrosivos e similares – o reservatório está próximo a duas rodovias de grande movimento – não foram adotadas. É necessário ainda garantir o cumprimento de dispositivo previsto na lei do Plano Diretor de Goiânia, que veda a instalação de empreendimentos nas proximidades da barragem.
Será que vão esperar uma tragédia acontecer para só depois tomarem as providências sobre o leite derramado? Todos os órgãos governamentais, prefeituras da região metropolitana e instituições ambientais, envolvidos com a operação do sistema, consumo, proteção, fiscalização do reservatório e prevenção de acidentes, deveriam estar trabalhando, efetivamente, de forma conjunta e harmônica para garantir o bom funcionamento e a proteção daquele patrimônio vital dos goianos.
A conjuntura tem nos mostrado que o crescimento desordenado das grandes metrópoles está contribuindo decisivamente para a escassez da água, um dos recursos naturais mais importantes do planeta. E a ausência de fiscalização adequada, sistema de proteção eficiente e consciência ecológica tem levado à degradação dos rios e até das represas que servem de reservatório para fornecimento de água para o consumo das populações. Existem muitos exemplos dessa tragédia, como é o caso da represa Billings, o maior reservatório da Grande São Paulo, mas cuja qualidade e quantidade da água estão comprometidas.
Diante dessa realidade sombria, que ameaça gravemente uma das maiores obras de engenharia na área de saneamento do país, lançamos o Manifesto SOS Reservatório do João Leite, dirigimos um apelo ao governo do Estado e conclamamos toda a sociedade goianiense a abraçar esta causa, que pertence a todos nós. Enviem e-mails, telegramas, cartas e cobrem diretamente dos parlamentares e governantes, providências neste sentido.
Sem a proteção máxima e urgente do reservatório do João Leite, o maior manancial a céu aberto da América Latina, em termos de área inundada, a nossa qualidade de vida, dos nossos filhos e netos estará comprometida.
domingo, 16 de maio de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
sábado, 3 de abril de 2010
Lançamento da segunda edição do livro "Perícia Ambiental e Assistência Técnica: instrumentos de defesa dos direitos individuais e coletivos"
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Tesouro do Cerrado nas mãos do governador
02/02/2010, p. 05
Diário da Manhã
A antiga luta da sociedade goianiense pelo salvamento e revitalização do Morro da Serrinha – área de preservação permanente, que soma cento e sete mil, seiscentos e noventa e oito metros quadrados e é a última reserva do bioma cerrado, nativo e original, ainda presente na zona urbana de Goiânia – só depende agora de um posicionamento do governador Alcides Rodrigues para um desfecho favorável. Responsável pelo caso, a 15ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás está solicitando ao chefe do executivo estadual a apresentação de um pedido de arquivamento do Processo Judicial n.200402457174, em tramitação na 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, alegando a desistência do governo em construir um Porto de Telecomunicações (Teleporto), no Morro da Serrinha.
Manifesto a minha confiança de que o governador irá acatar a providência requisitada pelo MP. Afinal, ele próprio já descartou a sequência do projeto idealizado pela gestão anterior e barrado pelo Poder Judiciário de construir o Teleporto naquela área protegida pela legislação ambiental e pelo Plano Diretor de Goiânia. Tanto que, em junho do ano passado, ele lançou a pedra fundamental do Centro Tecnológico de Goiás, na área da antiga Emater, no Morro da Serrinha.
Esse Centro Tecnológico vai abrigar empresas de base tecnológica, diversos laboratórios de pesquisa, escolas de gestão do governo, institutos de certificação, além de um espaço destinado às universidades. O prédio sede, orçado em R$ 4 milhões, será o primeiro edifício público com arquitetura baseada exclusivamente nos conceitos do ecodesenvolvimento.
Por outro lado, acreditamos na sensibilidade ecológica do governador Alcides Rodrigues, que foi o titular da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Habitação – cargo que exerceu com honradez – na primeira gestão do chamado tempo novo. Na medida em que ele confirme oficialmente a desistência, a Promotoria do Meio Ambiente deverá lavrar um termo a ser assinado pela prefeitura de Goiânia e o governo de Goiás, definindo a implantação de um parque ambiental naquele tesouro do cerrado.
Detentor do domínio daquela área, o Estado terá ele mesmo de implantar esse projeto ou transferir o terreno para que a prefeitura de Goiânia, por sua localização na zona urbana, o faça, vindo a somar-se aos dezesseis parques já construídos nas duas administrações de Iris Rezende. O prefeito está disposto a implantar um parque à altura da importância histórica e do significado do Morro da Serrinha para a sobrevivência do bioma cerrado. A obra inclusive poderá ser feita em tempo recorde, sem dispêndio para os cofres públicos, mediante o modelo de regime de compensação ambiental com financiamento de construtoras interessadas, a exemplo de parques, como Bougainville, Fonte Nova e Cascavel.
A boa relação político-administrativa atual entre o prefeito Iris Rezende e o governador Alcides Rodrigues poderá, portanto, resultar numa saudável parceria na área do meio ambiente, produzindo como efeito o resgate de um tesouro do cerrado, com reflexos na melhoria da qualidade de vida da população.
Seria até uma espécie de retribuição do governo à municipalidade. No ano passado, o prefeito Iris Rezende, num gesto de grandeza e deferência ao governador Alcides Rodrigues, transferiu para o Estado os terrenos de quase duas dezenas de escolas estaduais na Capital, possibilitando a regularização dos estabelecimentos, que estavam impedidos de receber repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), por falta de regularização de seus imóveis.
Estamos, portanto, a um passo da solução do problema do Morro da Serrinha, um espaço livre constante do plano original da cidade, arquitetada por Attilio Corrêa Lima, que se constitui numa das principais referências da história de Goiânia. É preciso dar um basta definitivo à degradação daquela área que tem uma importância estratégica para a própria preservação do cerrado. Apesar do lixo, entulho e ocupações irregulares, ali sobrevivem 71 espécies dessa vegetação típica brasileira, que outrora cobria extensamente o Centro-Oeste, como jatobá-do-cerrado, ipê-do-cerrado, barbatimão, faveira, carobinha, araticum, murici, piqui, cagaita, jacarandá, bacupari, mangericão-do-campo e ipê-amarelo.
Há urgência em salvar aquele que é o ponto mais alto da área original da cidade, de onde, na década de 30, o fundador de Goiânia, Dr. Pedro Ludovico Teixeira, conforme os registros históricos e os relatos de seus próprios familiares, durante uma cavalgada se convenceu de que achara o espaço ideal para a instalação da nova capital do Estado de Goiás, depois de vislumbrar o magnífico horizonte. Como o jornalista Antônio Carlos Volpone, João Paulo Antunes, Osmar Pires e seus companheiros, responsáveis pelo Abraço ao Morro, em 2008, na maior manifestação popular em defesa do meio ambiente da história de Goiânia, acredito que o governador Alcides Rodrigues assumirá a postura de um guerreiro da natureza, assinando o documento de salvação do Morro da Serrinha.
Rusembergue Barbosa é vereador de Goiânia e presidente do Conselho de Ética da Câmara Municipal (rusemberguebarbosa@gmail.com)