Agepel escolhe Morro da Serrinha para abrigar monumento. Familiares do político goiano discordam do local e defendem criação de um memorial.
Frederico Oliveira
DA EDITORIA DE CIDADES
Diário da Manhã
29/06/10, p. 2
A decisão por parte da Agência Goiana de Cultura (Agepel) de criar uma estátua de Pedro Ludovico Teixeira no Morro da Serrinha é duramente criticada pelos próprios familiares do fundador de Goiânia e por ambientalistas. O órgão vai abrir licitação para construção do monumento no dia 13 de julho. Segundo os parentes do ex-governador, o local escolhido não seria o ideal para abrigar a homenagem.
De acordo com Onofre Dulce Ludovico Teixeira, neto de Pedro Ludovico, seria mais coerente com a própria história de Goiânia e de Goiás a instalação da estátua no terreno ocupado pelo antigo Palácio das Campinas, onde atualmente funciona um setor da Secretaria de Finanças do Município. Segundo ele, foi no Centro da cidade que Ludovico passou boa parte de sua vida em Goiânia. “Sou favorável à criação de um memorial técnico sobre a vida pública do meu avô nos moldes do que existe hoje em Brasília, em homenagem a JK. Acho que Goiânia carece de um memorial de seu fundador”, diz.
Em nota, a nora de Mauro Borges declara que a instalação da estátua de Pedro Ludovico sobre uma rampa na Serrinha junto às torres de telecomunicações existentes no local não preservará a história de Goiânia. “Que gastem com um memorial sobre a mudança da Capital, edificando-a na Praça Pedro Ludovico, a estátua ao lado, junto aos prédios cuja construção ele pessoalmente fiscalizou. Esta é a obra que merecem os pioneiros”, afirma.
Conhecido como “o visionário do Brasil Central”, Pedro Ludovico participou diretamente da mudança da capital da Cidade de Goiás para Goiânia, em 1937. Só que essa história não é lembrada por todos. De acordo com o escritor e historiador Ubirajara Galli, muitos goianos não sabem quem foi o interventor de Goiás que dá nome ao local conhecido como Praça Cívica. “O lugar chama-se Praça Pedro Ludovico Teixeira. Assim como a Praça do Bandeirante é na verdade Praça Atílio Correia Lima, em lembrança ao arquiteto responsável pelo plano piloto urbanístico da nova sede estadual em 1933”, afirma.
Outro aspecto que aguça ainda mais a polêmica acerca do local escolhido para instalação da estátua é a questão ambiental. A escolha da Serrinha foi da presidente da Agepel, Linda Monteiro. A ideia desagrada ambientalistas, já que a princípio, o morro deveria ser uma área de preservação, e já se encontra ocupado por construções, antenas e torres de transmissões. O ambientalista Antônio Carlos Volpone, presidente da Associação dos Exploradores de Cavernas e Elevações (Aece) e da ONG Guerreiros da Natureza, diz que a entidade é radicalmente contra qualquer atividade humana na Serrinha e por isso não concorda com a instalação da estátua de Pedro Ludovico no local. “A homenagem é justa, mas lutamos demais contra a instalação do projeto do heliporto e não podemos admitir a colocação de nada que possa prejudicar o ambiente”.
Volpone lembra que os Guerreiros da Natureza, em parceria com professores da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e outras entidades reuniram mais de mil pessoas para dar um abraço simbólico na Serrinha. “Na época da discussão sobre o heliporto, plantamos árvores do Cerrado, que estão crescendo. Espécies como jatobá-do-cerrado, ipê-do-cerrado, barbatimão, faveira e carobinha são encontradas na área verde”. A reportagem do Diário da Manhã tentou entrar em contato com Linda Monteiro, mas a assessoria de imprensa declarou que ela não poderá falar até o final do processo licitatório. Seus assessores também afirmaram que em outra oportunidade, ela e o próprio governador Alcides Rodrigues vão se manisfestar em conjunto sobre o assunto.
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Comentário de Maria Dulce Loyola Teixeira, nora de Mauro Borges:
Sou nora de Mauro Borges, e rescentemente tivemos conhecimento do local em que seria instalada a estátua de Pedro. A família já havia demonstrado aos vários governos que passaram o desejo unânime de que a estátua seja colocada na Praça Pedro Ludovico. Aliás, esta homenagem está muito aquém da obra realizada por Pedro e seus auxiliares. Em Brasília há tempos se edificou um Memorial para JK, de primeiríssima qualidade, c/ a estátua imensa de JK. Jk escreveu a Pedro que Goiânia foi essencial para a mudança da Capital do Brasil para o Centro oeste. Ele já tem seu Memorial. E o de Goiânia? onde estão documentos, a mem'ria técnica da cidade? A questão é: a simples instalação da estátua, isolada lá em cima do morro, longe do Centro historico, significa cassar definitivamente Pedro Ludovico da historia de Goiânia. Já se passaram 31 anos que se idealizou a estátua, passaram vários governos, é preciso parar essa ânsia de fazer por fazer, sem estudar o conjunto da obra, que é a edificação de um Memorial (semelhante ao de JK) na Praça Pedro Ludovico c/ a estátua ao seu lado. Um projeto estudado, bem feito, sem esse atropelo. Um gasto enorme sem fazer com que se perpetue a historia da mudança. Definitivamente o local é a Praça Pedro Ludovico.
Maria Dulce
Postado por Maria Dulce Loyola Teixeira no blog Associação dos Amigos do Morro da Serrinha em 25 de junho de 2010 13:26
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