sexta-feira, 6 de junho de 2008

3 mil abraçam o Morro Serrinha


Thatiane Rocha Abreu

DA EDITORIA DE CIDADES

Diário da Manhã, 06/06/08



No Dia Internacional do Meio Ambiente, comemorado ontem, cerca de três mil pessoas participaram de abraço simbólico ao Morro da Serrinha. O ato representou um gesto de apoio ao projeto que visa transformar o lugar em um novo parque ecológico ambiental de Goiânia. O projeto, proposto em março pelo vereador Rusembergue Barbosa, encontra entraves quanto à liberação da área, que oficialmente pertence ao Estado de Goiás.


A construção do Parque da Serrinha tem o apoio do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, e ganhou o apoio de representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs). A proposta inicial feita pela Prefeitura de Goiânia é de trocar a área do Colégio Lyceu de Goiânia, localizado no Centro, que pertence à prefeitura, pela área do Morro da Serrinha, que alcança 107.398 metros quadrados.
Durante a manifestação ontem, estiveram presentes várias lideranças políticas, representantes de ONGs, do Batalhão Ambiental e cerca de dois mil estudantes de escolas localizadas próximas ao Setor Serrinha. O abraço oficial aconteceu às 10h15. O vereador Rusembergue disse que a data para manifestação foi escolhida para despertar nas pessoas no Dia Internacional do Meio Ambiente a consciência ambiental e a importância de preservar a área do Morro da Serrinha. “Goiânia está no caminho certo e se tornou uma cidade destaque em preservação ambiental; por isso, não podemos sair dessa rota. Essa área do Morro da Serrinha precisa ser preservada.”
O presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Clarismino Júnior, representou, durante o ato, o prefeito de Goiânia. Ele definiu o ato como momento histórico para Goiânia. “A Serrinha é de Goiânia e deve ser transformada em um parque da capital. Esse abraço coletivo é um gesto concreto para essa causa”. Ele disse que existe grande empenho da prefeitura para que o parque seja construído, pelo fato de o lugar ser a única área nativa do Cerrado dentro da cidade. O coordenador-geral da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), Luiz Otávio Nascimento, representou o governador de Goiás, Alcides Rodrigues. Ele disse que a construção do parque é de interesse do Estado. “O governador fará o empenho necessário para que o parque seja construído.”
Depredação
O biólogo Osmar Pires Júnior apontou ontem, durante o ato, que Goiânia vive um contraste; é a capital que tem mais de 950 mil árvores plantadas e possui extensa área verde por metro quadrado, mas que vem sofrendo com a deterioração de seu patrimônio histórico. “A vegetação aqui do Morro da Serrinha está deteriorada. Aqui concentra-se 71 espécies de plantas nativas do Cerrado, nascentes de rios, mas estão sendo feitas extração de terras e existem formações de erosões. A área está abandonada e se não for cuidada, pode desaparecer.”

Ele lembrou de quando a área do Morro do Serrinha, em 2002, quase foi transformada em um Teleporto, onde seriam construídos quatro prédios. O projeto foi barrado pela Justiça. O biólogo salienta que a área faz parte de um dos primeiros planos diretores da Capital, instituído ainda em 1957, mas foi em 1994 que o terreno foi transformado em área de preservação ambiental. “Além da preservação, esse lugar tem um valor histórico para Goiânia. Foi aqui que Pedro Ludovico Teixeira teve a primeira vista ampla de Goiânia e decidiu instalar a capital. Essa área onde está construída a Organização Jaime Câmara pertence aos goianos. Essa afirmação é segmentada de acordo com o decreto de número 19, assinado em janeiro de 1951, registrado no cartório de registro de imóveis de Goiânia.”

Esporte O diretor de eventos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, José Henrique Brandão, disse que há um projeto também para construir junto com o parque uma área para a prática de esportes. “Está passando da hora desse morro ser transformado em um parque de preservação ambiental”. No evento, representando os atletas, estava a goiana líder do ranking nacional de corrida e montanhas, Daiana Barros, 23.

comandante da guarda municipal de Goiânia, Gercy Joaquim Camelo, disse que apóia a construção do parque. “Nós somos a corporação responsável por fazer a proteção aos parques da cidade. Sou a favor da construção, porque irá enfocar a proteção ambiental dessa área”. O comandante do Batalhão Ambiental, tenente-coronel Carlos César Macário, disse que a área do morro está abandonada e que precisa ser protegida. “Esta é uma área de vegetação nativa e deve ser preservada. A construção de um parque vem a viabilizar essa preservação.”

Homenagem

Ontem, enquanto acontecia o abraço coletivo ao Morro da Serrinha, o artista Omar Souto fez um quadro representando a “mãe natureza”. Ele disse que foi a forma que encontrou para despertar as pessoas sobre a importância de preservar o meio ambiente. “Eu ainda sou daqueles que acreditam que dá tempo de fazer alguma coisa por nosso planeta. Acredito que a construção desse parque será uma grande conquista para os goianos e que haverá bom senso, tanto por parte da prefeitura quanto do Estado para fecharem um acordo.”

O quadro pintado durante o ato será doado ao grupo Pela Vida, que representa os portadores do vírus HIV. Para o presidente da ONG Guerreiros da Natureza, Antônio Carlos Volpone, é necessário que o parque seja construído o mais rápido possível. “Se o parque não for construído rapidamente, essa área nativa do Cerrado pode se perder”. Ele salienta que se o projeto do Teleporto, criado em 2002, tivesse sido levado adiante, o morro poderia ter desaparecido. “A ONG Guerreiros da Natureza teve importante participação contra a construção do Tele Ponto, e saímos vitoriosos quando o projeto foi barrado.”

De acordo com Volpone, a permuta entre a área do Colégio Lyceu e a área do Morro da Serrinha é viável diante da lei. O que foi confirmado pela advogada da Amma, Tatiane Oliveira Silva. Ela disse que a proposta que visa a troca dos dois terrenos, feita entre o poder municipal e estadual, é legal, e que depende apenas de reposta positiva do Estado.

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