terça-feira, 24 de junho de 2008

Alcides concorda com o Parque da Serrinha

Diário da Manhã - 24/06/08.
Café da Manhã, página 04.

O governador Alcides Rodrigues, durante encontro de ontem pela manhã, com o vice-presidente da Câmara de Goiânia, Rusembergue Barbosa (PRB), mostrou-se totalmente favorável à criação de um parque ecológico no Morro da Serrinha. O projeto é defendido pela ONG Guerreiros da Natureza e várias outras entidades ambientalistas de Goiânia. A área pertence ao Estado e Alcides disse a Rusembergue que pretende reunir os vereadores de Goiânia e os representantes de associações de proteção ao meio ambiente para debater o projeto para aquela área de preservação. O governador lembrou a Rusembergue que já chegou a ser secretário de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Habitação de Goiás (na primeira gestão de Marconi Perillo) e tem completa consciência da importância da preservação do bioma Cerrado, que tem no Morro da Serrinha um dos seus últimos remanescentes em Goiânia. - Sou plenamente favorável ao parque no Morro Serrinha e em outras áreas verdes do Estado - afirmou Alcides.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Parque Morro Serrinha - Leolídio Caiado

Por Osmar Pires Martins Júnior*
Diário da Manhã
Cidades, p. 15
19/06/2008
Durante a primeira semana de despedidas a Leolídio Di Ramos Caiado, nosso querido Leco, várias manifestações de pesar e de homenagens à sua memória foram registradas nas páginas do Diário da Manhã. Tanto pela personalidade como pela vasta contribuição que o saudoso Leco deixou para o nosso país e a humanidade, ele é merecedor de todas estas manifestações e de outras que ainda poderão ser feitas.
Faço meu testemunho a respeito da atitude, do compromisso, do destemor com que Leco via e assumia posições em relação às complexas questões da ecologia e do meio ambiente. Quando exerci a função de secretário municipal do Meio Ambiente de Goiânia, Leco era o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil – seção Goiás (OAB-GO). Na ocasião, a prefeitura, com aprovação do prefeito Darci Accorsi e após discussão com os titulares das pastas afins, como Procuradoria e Planejamento, desacadeou o Programa de Resgate do Berço Ecológico de Goiânia, que implicou nas ações de recuperação dos Parques Vaca Brava, Areião, Botafogo, Linear Botafogo e Jardim Botânico. O advogado Leco não titubeou: discutiu o problema da grilagem urbana entre os membros da comissão da OAB/GO e deu total apoio à luta política e jurídica pela retomada do patrimônio público ambiental de Goiânia.

No artigo que escreveu e que o Diário da Manhã publicou na edição de 19 de outubro de 1996, intitulado “Criador de Parques”, o combativo e destemido Leco assim se pronunciou sobre a grilagem oficializada que vitimou o Parque Vaca Brava: [...] Havia área no centro da cidade, hoje bairro populoso, Setor Bueno, como é o caso do Vaca Brava, que era reclamado por pretensos e supostos proprietários particulares. Ora, [...] se o parque fosse transformado em construções de elevados prédios, os espigões, além de obstruir a beleza paisagística, impediriam o livre trânsito das brisas que suavizam a comunidade [...].

As palavras de Leolídio Di Ramos Caiado ecoam fortemente até os dias presentes. Muitos são ainda os pretensos proprietários que reclamam o Vaca Brava para si. Querem se apropriar de uma área pública ambiental com objetivos construtivos. Alguns os alcançaram e levantam espigões que degradam a paisagem da cabeceira de um fundo de vale e que impedem a circulação natural do vento e da água, repassando a conta das inundações e das ilhas de calor para os cidadãos.

Leco é merecedor de todas as manifestações justas, carinhosas e de gratidão, mas, não se deve destituir da pessoa merecedora o substantivo da homenagem – a luta pela ecologia concreta – em favor de djetivos fáceis que venham, na verdade, a obscurecer a realidade e manter o status quo da poluição, da degradação e da iniqüidade de uma sociedade desigual, autoritária e excludente.

Por certo que Leco é merecedor de homengens à altura de quem, na década de 1940, inciou sua prenegrinação em defesa do Cerrado, da fauna e da flora, implantando o Departamento de Caça e Pesca de Goiás. Trajetória essa que culminou na criação da Semago, posteriormente Femago e, agora, da recentemente extinta Agência Ambiental. O estado de Goiás foi pioneiro na implantação de uma lei de controle da poluição – a Lei nº 8544, de 17 de outubro de 1978, antes mesmo da lei que instituiu a política nacional – Lei nº 6938, em 1981. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente de Goiás (Semago) foi por ele criada e presidida, contemporaneamente às primeiras agências de proteção ambiental no país e no mundo, como a Companhia de Tecnologia e Saneamento Básico e Ambiental de São Paulo (Cetesb), Fundação Estadual de Engeharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Feema) e Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA), todas no ínício da década de 1970.

A sociedade é devedora de uma homenagem que venha expressar com fidedignidade a trajetória do homenageado no cotidiano dos goianienses e goianos. Lembro, a título de sugestão, que o último resquício urbano do Cerrado, encravado no ponto mais alto do Vale do Botafogo, onde Pedro Ludovico vislumbrou e escolheu o local para edificar a capital dos goianos é o Morro Serrinha. Uma área originalmente pertencente ao povo goianiense, destinada a parque municipal, mas que, pelos descaminhos da grilagem oficializada, foi parar nas maõs de particulares, que foi desapropriada pelo Estado de Goiás para a implantação de um Teleporto. Como o Estado dele desistiu por problemas ambientais com o Ministério Público, quem sabe, na esteira da feliz sugestão de um parque para Leco, feita brilhantemente pelo ex-governador e atual Senador Marconi Perillo, não se possa promover a união de todos – Estado, Município, MP, comunidade – e preservar o Cerrado no coração de Goiânia, bem como a memória de um dos mais ilustres defensores da natureza, em todos os tempos, com a implantação do belo Parque Morro Serrinha – Leolídio Caiado.
* Osmar Pires Martins Júnior, biólogo, engenheiro agrônomo, mestre em ecologia, professor de cursos de graduação e de pós-graduação em IES, presidente da Academia Goianiense de Letras, foi presidente da Agência Ambiental de Goiás (2003-06), perito ambiental do MP/GO (1997-02) e secretário do Meio Ambiente de Goiânia (1993-96).

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Comunidade pede criação de parque

Malu Longo
Cidades, O Popular
06/06/08


Representantes de entidades ambientalistas e estudantes da rede pública de ensino abraçaram ontem, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Morro Serrinha, na região sul de Goiânia. O objetivo foi sensibilizar as autoridades para fazer da área de 107 mil metros quadrados um parque ecológico. Localizado entre as Ruas 1.106, 1.108 e 1.112 e Avenida Serrinha, entre os Setores Pedro Ludovico e Serrinha, o Morro da Serrinha foi escolhido no final dos anos 90 pelo governo estadual e iniciativa privada para sediar o Teleporto, um complexo de comunicação que ainda não saiu do papel. Enquanto isso, a área é degradada.


Em março deste ano, o vereador Rusembergue Barbosa apresentou à Câmara Municipal projeto de lei criando o Parque Serrinha. A iniciativa impulsionou a criação da Associação de Amigos do Morro Serrinha, coordenada pelo biólogo João Paulo Antunes.


“Estamos prontos para fazer o projeto do parque, mas ele precisa ser criado pela Câmara Municipal”, disse o presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Clarismino Pereira Jr., que representou o prefeito Iris Rezende na manifestação.

3 mil abraçam o Morro Serrinha


Thatiane Rocha Abreu

DA EDITORIA DE CIDADES

Diário da Manhã, 06/06/08



No Dia Internacional do Meio Ambiente, comemorado ontem, cerca de três mil pessoas participaram de abraço simbólico ao Morro da Serrinha. O ato representou um gesto de apoio ao projeto que visa transformar o lugar em um novo parque ecológico ambiental de Goiânia. O projeto, proposto em março pelo vereador Rusembergue Barbosa, encontra entraves quanto à liberação da área, que oficialmente pertence ao Estado de Goiás.


A construção do Parque da Serrinha tem o apoio do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, e ganhou o apoio de representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs). A proposta inicial feita pela Prefeitura de Goiânia é de trocar a área do Colégio Lyceu de Goiânia, localizado no Centro, que pertence à prefeitura, pela área do Morro da Serrinha, que alcança 107.398 metros quadrados.
Durante a manifestação ontem, estiveram presentes várias lideranças políticas, representantes de ONGs, do Batalhão Ambiental e cerca de dois mil estudantes de escolas localizadas próximas ao Setor Serrinha. O abraço oficial aconteceu às 10h15. O vereador Rusembergue disse que a data para manifestação foi escolhida para despertar nas pessoas no Dia Internacional do Meio Ambiente a consciência ambiental e a importância de preservar a área do Morro da Serrinha. “Goiânia está no caminho certo e se tornou uma cidade destaque em preservação ambiental; por isso, não podemos sair dessa rota. Essa área do Morro da Serrinha precisa ser preservada.”
O presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Clarismino Júnior, representou, durante o ato, o prefeito de Goiânia. Ele definiu o ato como momento histórico para Goiânia. “A Serrinha é de Goiânia e deve ser transformada em um parque da capital. Esse abraço coletivo é um gesto concreto para essa causa”. Ele disse que existe grande empenho da prefeitura para que o parque seja construído, pelo fato de o lugar ser a única área nativa do Cerrado dentro da cidade. O coordenador-geral da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), Luiz Otávio Nascimento, representou o governador de Goiás, Alcides Rodrigues. Ele disse que a construção do parque é de interesse do Estado. “O governador fará o empenho necessário para que o parque seja construído.”
Depredação
O biólogo Osmar Pires Júnior apontou ontem, durante o ato, que Goiânia vive um contraste; é a capital que tem mais de 950 mil árvores plantadas e possui extensa área verde por metro quadrado, mas que vem sofrendo com a deterioração de seu patrimônio histórico. “A vegetação aqui do Morro da Serrinha está deteriorada. Aqui concentra-se 71 espécies de plantas nativas do Cerrado, nascentes de rios, mas estão sendo feitas extração de terras e existem formações de erosões. A área está abandonada e se não for cuidada, pode desaparecer.”

Ele lembrou de quando a área do Morro do Serrinha, em 2002, quase foi transformada em um Teleporto, onde seriam construídos quatro prédios. O projeto foi barrado pela Justiça. O biólogo salienta que a área faz parte de um dos primeiros planos diretores da Capital, instituído ainda em 1957, mas foi em 1994 que o terreno foi transformado em área de preservação ambiental. “Além da preservação, esse lugar tem um valor histórico para Goiânia. Foi aqui que Pedro Ludovico Teixeira teve a primeira vista ampla de Goiânia e decidiu instalar a capital. Essa área onde está construída a Organização Jaime Câmara pertence aos goianos. Essa afirmação é segmentada de acordo com o decreto de número 19, assinado em janeiro de 1951, registrado no cartório de registro de imóveis de Goiânia.”

Esporte O diretor de eventos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, José Henrique Brandão, disse que há um projeto também para construir junto com o parque uma área para a prática de esportes. “Está passando da hora desse morro ser transformado em um parque de preservação ambiental”. No evento, representando os atletas, estava a goiana líder do ranking nacional de corrida e montanhas, Daiana Barros, 23.

comandante da guarda municipal de Goiânia, Gercy Joaquim Camelo, disse que apóia a construção do parque. “Nós somos a corporação responsável por fazer a proteção aos parques da cidade. Sou a favor da construção, porque irá enfocar a proteção ambiental dessa área”. O comandante do Batalhão Ambiental, tenente-coronel Carlos César Macário, disse que a área do morro está abandonada e que precisa ser protegida. “Esta é uma área de vegetação nativa e deve ser preservada. A construção de um parque vem a viabilizar essa preservação.”

Homenagem

Ontem, enquanto acontecia o abraço coletivo ao Morro da Serrinha, o artista Omar Souto fez um quadro representando a “mãe natureza”. Ele disse que foi a forma que encontrou para despertar as pessoas sobre a importância de preservar o meio ambiente. “Eu ainda sou daqueles que acreditam que dá tempo de fazer alguma coisa por nosso planeta. Acredito que a construção desse parque será uma grande conquista para os goianos e que haverá bom senso, tanto por parte da prefeitura quanto do Estado para fecharem um acordo.”

O quadro pintado durante o ato será doado ao grupo Pela Vida, que representa os portadores do vírus HIV. Para o presidente da ONG Guerreiros da Natureza, Antônio Carlos Volpone, é necessário que o parque seja construído o mais rápido possível. “Se o parque não for construído rapidamente, essa área nativa do Cerrado pode se perder”. Ele salienta que se o projeto do Teleporto, criado em 2002, tivesse sido levado adiante, o morro poderia ter desaparecido. “A ONG Guerreiros da Natureza teve importante participação contra a construção do Tele Ponto, e saímos vitoriosos quando o projeto foi barrado.”

De acordo com Volpone, a permuta entre a área do Colégio Lyceu e a área do Morro da Serrinha é viável diante da lei. O que foi confirmado pela advogada da Amma, Tatiane Oliveira Silva. Ela disse que a proposta que visa a troca dos dois terrenos, feita entre o poder municipal e estadual, é legal, e que depende apenas de reposta positiva do Estado.