segunda-feira, 12 de maio de 2008

Amigos do Morro da Serrinha


Da Editoria de Cidades
Diário da Manhã - 12/05/08

Uma pesquisa feita por alunos de pós-graduação em Perícia Ambiental da Universidade Católica de Goiás (UCG) estimou que a maioria dos moradores do Setor Serrinha é a favor da criação de um parque em torno do morro, de modo a preservar a diversidade biológica da região. Os alunos entrevistaram 97 pessoas e constataram que cerca de 95% são favoráveis à obra. Atualmente, o morro tem sido alvo de depredação, principalmente por parte de moradores dos bairros ao redor. "Queimada, derrubada de árvores, lixo e retirada de solo são hoje os maiores problemas do morro", afirma o biólogo e presidente da Associação dos Amigos do Morro da Serrinha, João Paulo Antunes da Silva.
O projeto de transformar a área em um parque partiu do vice-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Rusembergue Barbosa. Até o momento, pouco pôde ser feito, já que a área pertence ao governo do Estado e não à prefeitura. Há ainda o impasse entre o parlamentar e a presidente da Agência Goiana de Cultura (Agepel), Linda Monteiro, que pretende construir no local um mirante que abrigará a estátua de Pedro Ludovico Teixeira montado em um cavalo.
O argumento de Linda e seus defensores é a importância histórica do morro, já que foi dali que o então interventor em Goiás avistou o local onde, mais tarde, seria construída Goiânia. Rusembergue, ao contrário, propôs a realização de um plebiscito para que a população decida o melhor local para se instalar a estátua. O vereador se diz contra a transferência para a Serrinha, alegando que a estátua causaria mais impacto ambiental à região, que corresponde a uma das poucas reservas de Cerrado dentro da Capital.
Na última semana, Rusembergue se reuniu com o secretário de Articulação Política do Governo, Roberto Balestra, quando formalizou um pedido de transferência da área do morro para o município, o que facilitaria a criação do parque, já que o próprio prefeito Iris Rezende se mostrou a favor. Balestra garantiu que encaminhará a proposta ao governador Alcides Rodrigues e que uma solução será encontrada o mais rápido possível.
Curiosamente, a mesma pesquisa feita com os moradores do Setor Serrinha contraria os argumentos de Rusembergue e ambientalistas contrários à instalação da estátua no local. Em torno de 70% dos entrevistados dizem ser a favor do monumento no morro. O presidente da Associação afirma que isso é perfeitamente possível, desde que ocorra após a recuperação total da área devastada, aproveitando, no futuro, instalações já existentes para colocar a estátua. Atualmente, o Morro da Serrinha já possui uma torre de telecomunicações e um reservatório de água.

Entidades fazem parceria e pedem pressa aos governos na preservação
A Associação dos Amigos do Morro da Serrinha firmará uma parceria com a Ong Guerreiros da Natureza na luta pela criação do parque na região. A entidade se posiciona radicalmente contra qualquer tipo de construção no local, inclusive a instalação da estátua. O argumento é que os danos já são grandes demais e a região deve ficar livre da presença humana. A parceria, no entanto, será apenas no que se refere ao parque. O presidente da ONG, Antônio Carlos Volpone, enviará ofício ao governador Alcides Rodrigues e ao prefeito Iris Rezende, solicitando que seja acelerada a negociação, porque o futuro parque está sendo depredado e não pode esperar por tanta burocracia. O biólogo João Paulo, da Associação, no entanto, afirma que a entidade é favorável ao plebiscito e, dentro da entidade, existem pessoas que apóiam o monumento na Serrinha.
O Morro da Serrinha ocupa uma área de mais de 100 mil metros quadrados. A região contém mais de 70 espécies nativas do Cerrado brasileiro, como pequi, jacarandá e cagaita. É considerado ainda o ponto mais alto de Goiânia, de onde Pedro Ludovico projetou aquela a ser a Capital. A transformação da área em um parque seria um desejo do próprio Attilio Corrêa Lima, responsável pelo projeto arquitetônico de Goiânia. Ele teria reservado o morro para esse fim.
A variedade de espécies inclui algumas consideradas endêmicas, ou seja, não são encontradas em outro lugar. O morro também é responsável pelo reabastecimento aquático de áreas da Capital, como o Parque Amazônia e Córrego Botafogo, já que capta a água da chuva e alimenta o lençol freático. Caso o projeto de criação do parque seja aprovado, as únicas alterações feitas no local serão as telas que cercarão o morro e passarelas destinadas ao acesso de pessoas.

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